Tivemos tempos em que a expressão fake news se tornou tão comum que já nos acostumamos com ela, ainda que sendo de outra língua, mesmo porque sabemos bem o que significa: mentira. Quando discorremos aqui sobre a lei moral, resumida nos dez mandamentos, citamos o nono que, justamente, nos insta a fazer o contrário do que propagar notícias falsas ou mentiras: “Não dirás falso testemunho” ou não mentirás. Para o cristão, então, a quebra do mandamento é pecado e não há o que discutir. Na prática, sabemos que de uma forma ou de outra, com mais ou menos intensidade e gravidade, todos mentimos; agora, é preciso avaliar as implicações de nossas mentiras para que tenhamos suas dimensões.
Num ambiente familiar, pais com filhos e vice-versa, irmãos entre si, parentes, amigos e afins, costumam praticar as mentiras que ousam chamar de brancas, ou seja, aquelas que, aparentemente, não causam mal a ninguém. Pois afirmo que devemos nos afastar destas, também, pois é a partir das pequenas que as grandes vão-se formando.
Atualmente, vivemos um tempo marcado por uma enxurrada de mentiras, especialmente, na esfera da discussão ideológico-política. Se formos simplificar a polarização entre direita e esquerda, constataremos que de ambas as correntes vêm invenções e mentiras para ludibriar o incauto povo brasileiro. Não que este fato se restrinja ao Brasil. De forma alguma: basta observarmos a situação nos Estados Unidos, por exemplo, que identificaremos o mesmo comportamento.
Com as inovações tecnológicas que podem ser aplicadas a áudios, vídeos, imagens, textos e afins, a propagação das mentiras, da torção da verdade, incluindo as formas mais sutis, foram muito facilitadas e cada vez mais, tais falácias vêm se assemelhando a verdades e como diz o ditado: a mais perigosa mentira é aquela que mais se parece com a verdade.
O jogo tem sido pesado e sujo e, pior, há muitos que preferem a mentira, mesmo conscientes dela, pois a verdade, não raro, machuca, não é conveniente, nem corresponde às expectativas. A mentira dá o seu jeito. Estamos ainda um pouco longe, mas num ano de eleições e, por isso, também, as fake news vão se avolumando com o objetivo de laçar o descuidado ou indeciso. É, portanto, preciso de muita cautela para receber como verdadeiras muitas notícias que recebemos: pesquisar, esgotar o assunto e ter certeza de que procedem, de fato, sobretudo porque esse tipo de informação pode ter impacto direto no nosso voto.