Reformar é colocar o pensamento do homem na medida da vontade de Deus. Líderes cristãos se destacaram na Idade Média, eles tinham a tesoura da censura divina e conseguiram eliminar os excessos humanistas da Igreja. Ela escravizava o povo pelo poder tirano do clero que usava estranhos ritos e dogmas à revelia da doutrina revelada.
O cristianismo da Idade Média contaminado por erros, abusos e desmandos herdados da Idade Medieval estava tão desmoralizado que Deus resolveu romper os grilhões que aprisionavam a Sua Palavra nos mosteiros. A prensa de Gutenberg (1398 – 1468) foi o meio providencial de panfletar a Verdade, distribuída a mãos cheias para saciar o povo faminto à Palavra de Deus. O Senhor dos Exércitos disse a Zacarias: “Não pela espada nem pelo poder, mas pelo meu Espírito”. Roma usou a espada para destruir os cristãos; os profetas usaram a caneta para espalhar a Palavra de Deus, que é a espada do Espírito, que transforma o homem velho em nova criatura.
John Knox (1514-1572), O Reformador da Escócia, padre desde 1536, lutou pela reforma da igreja, foi preso pelo exército francês, que invadiu o seu país, e foi com crueldade condenado às galés como remador por 19 meses. Alcançou a liberdade na troca política de prisioneiros. Teve que fugir para Genebra, na Suíça, quando da ascensão de Maria Tudor ao trono da Inglaterra (1547-1558), filha de Catarina de Aragão que foi casada com Henrique VIII, fundador da Igreja Anglicana como revanche ao papa que não aceitou o seu pedido de divórcio, sendo excomungado. Em Genebra tornou-se aluno de Calvino. Em Dezembro de 1557, os nobres escoceses fizeram um pacto de usar suas vidas e bens para estabelecer a Palavra de Deus na Escócia. Nessa conjuntura, já separado da Igreja Católica, John Knox volta à Escócia para implantar o calvinismo e fundar a Igreja Presbiteriana Escocesa. Sua histórica e perseverante oração foi atendida: “Senhor, dá-me a Escócia senão eu morro”.
As indulgências foram o rastilho que fez explodir os escândalos perpetuados pela Igreja ao serem citados nos escritos de Martinho Lutero, sua intenção era que a autoridade papal viesse a corrigir os desmandos praticados pelo clero. Nunca quis Lutero provocar um cisma dentro da Igreja, mas desejava que pudessem ver quanto o secularismo ambicioso dos seus sacerdotes tinham feito uma Igreja opulenta, porém despida de espiritualidade.
Neste ano, dia 31 de outubro de 2024, vamos comemorar os 507 anos da Fé Reformada, que teve seu início no dia 31 de outubro de 1517, quando o padre e teólogo Martinho Lutero afixou na porta da capela de Wittemberg as 95 teses que combatiam a venda das indulgências, cuja finalidade era de angariar fundos para a construção da atual Basílica de São Pedro, no Vaticano. O fiel que viesse a negociar com Tetzel a compra de uma indulgência teria garantido o perdão de todos os seus pecados passados, presentes e futuros sem necessidade de confissão, santificação ou de purificação no purgatório. Conclusão: céu garantido. Tetzel extrapolou a doutrina católica da salvação pela Graça, tal foi a profanação praticada que atribuíram a ele a seguinte frase: “Tão logo uma moeda na caixa cai, a alma do purgatório sai”.
Em 3 de janeiro de 1521, o papa Leão X excomungou o padre e teólogo alemão Martinho Lutero que se negou a revogar suas teses e, ainda, para agravar mais a situação ele havia queimado a bula papal em protesto. O rompimento de Lutero com a Igreja de Roma tinha acontecido finalmente, dando início a Reforma do Século XVI.
Os fundamentos bíblicos da fé não podem ser mudados, ou aperfeiçoados; porém, o que estavam construindo em cima desses alicerces foram obras corruptas sem nenhuma censura, por parte da autoridade eclesiástica. Há necessidade urgente, nos dias atuais, de uma nova reforma a fim de combater as “indulgências modernas” negociadas nos púlpitos das igrejas de grandes auditórios, transmitidas pela mídia e autodenominadas de evangélicas. Sem mácula é o Evangelho da “Sola Gratia”.