Muitos especialistas e atores do comércio internacional, incluindo funcionários de carreira do ministério das relações exteriores afirmam que é folclore dizer que a economia brasileira é fechada.
Se formos analisar do ponto de vista genérico e amplo do termo, realmente, não é, mas se nos aprofundarmos no que pode ser considerado economia aberta, nos depararemos com uma realidade bem diferente da abertura efetiva.
É certo que o protecionismo está presente nas regras de importação, especialmente, e que há clara tentativa de reciprocidade com os países que fazem parte de nossas relações comerciais: se a ação é do parceiro comercial e caminha no sentido de atender aos nossos interesses, a reação brasileira tem o mesmo tom e vice-versa.
Portanto, se focarmos nas importações é que veremos a face mais restritiva de nossa economia: mesmo que venhamos num crescente com a permissão de importar, no decorrer dos últimos anos, especialmente, a partir do início dos anos 90, as regras ainda são tão complexas e os custos tão altos, em geral, que certos segmentos abrem mão da importação, ora porque o custo do produto chega tão majorado que implica inviabilidade, ora porque a demora é tão grande, decorrente da burocracia, que não há como aguardar.
Para se ter uma ideia, como exemplo, para que certos equipamentos industriais saiam de Massachussets e cheguem à Nova Zelândia (da estante exportadora à estante importadora) passam-se dois dias, em regra; já, da mesma origem para o Brasil, no mínimo, 15 (quinze) dias, para uma importação formal com frete aéreo, através de companhias de despacho rápido. Relativamente aos custos, nem se comparam.
Portanto, aqui está mais um grande desafio para o novo governo, ainda que constatemos que tem lutado nesse sentido: otimizar o comércio internacional do Brasil, de forma a não deixar desprotegida a indústria nacional, mas também, sem permitir que fiquem desabastecidas a população e a indústria brasileiras ou sem acesso ao que existe de bom no mundo. Novamente, a meritocracia deve ser observada, mas com a criação de condições equilibradas e suficientes para a indústria local ter produtividade, qualidade e custo que impliquem competitividade com o resto do mundo.