Após nove meses de espera, finalmente ele chegou, seu bebê. Como mães, queremos proporcionar o melhor da vida para eles. Nesse momento, o que nosso pequeno mais precisa é carinho, afeto, cuidados e a melhor alimentação que pudermos oferecer. O leite materno foi e continua sendo amplamente estudado, sendo uma referência mundialmente reconhecida como um alimento completo que oferece a quantidade suficiente de nutrientes para o crescimento e o desenvolvimento das crianças. O leite materno é uma fonte rica de antioxidantes, enzimas e anticorpos essenciais para a saúde do bebê. Além disso, seu consumo está associado à redução do risco de desenvolvimento de condições como obesidade, asma, doença cardiovascular e diabetes tipo II. Ele também fortalece o sistema imunológico do bebê, tornando-o menos suscetível a doenças infecciosas. Os nutrientes presentes no leite materno promovem um melhor desenvolvimento cognitivo, proporcionando uma base sólida para o crescimento e o aprendizado infantil. Para a mãe, reduz os riscos de câncer de mama e ovário, doenças cardiovasculares, obesidade e osteoporose (quanto maior o tempo de amamentação). Portanto, não há dúvida sobre os benefícios do leite materno para o bebê e para a mãe, sendo o “padrão ouro” em alimentação infantil. A indústria alimentícia sabe disso e tem o leite materno não como concorrente, mas sim como padrão a ser seguido, tentando, com muito empenho, chegar próximo a ele no que diz respeito aos benefícios, mas nunca igual. Segundo consenso mundial publicado em 2001 pela Organização Mundial da Saúde (OMS): “Inúmeras evidências apontam para a importância, a curto e longo prazo, da amamentação exclusiva, sob livre demanda, nos primeiros seis meses de vida, da alimentação complementar adequada e da manutenção do aleitamento materno até dois anos ou mais” (World Health Assembly Resolution. Infant and young child nutrition. WHA 54.2, 18 de maio de 2001).
Desafios
A decisão está tomada: “vamos amamentar!”. O bebê nasce. Há uma mudança total na vida da família e se segue um período de adaptação às novas demandas. Surgem as dúvidas e percebemos que, na prática, é mais complicado do que imaginávamos. Em primeiro lugar, para amamentar, mãe e filho precisam de treinamento. A mãe, principalmente, precisa querer (o apoio da família é essencial) e o bebê nasce sabendo sugar, mas também está “perdido”, portanto é preciso ensinar os dois, não é instintivo. Só um profissional, como um pediatra, pode orientar a posição e a pega do bebê, para que ele tenha uma boa ordenha e não machuque a mãe. Por isso, a recomendação é que a primeira consulta no pediatra ocorra, de preferência, entre 24 e 48 horas após a alta hospitalar. Nessa primeira consulta, além de avaliar a icterícia e fazer o exame físico completo, também se avalia como está indo a amamentação. Outro ponto é que, quando se amamenta, não se sabe quanto o bebê mamou (diferente da mamadeira em que se vê o quanto). Isso pode causar uma insegurança, porque o bebê mama muitas vezes e chora muito. O importante é oferecer a amamentação todas as vezes em que ele chorar. O que irá dizer se está tudo bem é: se está urinando, se está evacuando bem e se está ganhando peso.
Surgem as dúvidas e percebemos que na prática é mais complicado do que imaginávamos:
– Como amamentar?
– Será intuitivo, isto é, o bebê já nasce sabendo mamar e a mãe já tem o instinto?
– Como suportar a dor?
– Como lidar com o ingurgitamento mamário (leite empedrado)?
– Como lidar com as fissuras nos mamilos?
– Será que tenho leite suficiente, ele chora tanto?
– Fiz cirurgia plástica nas mamas, posso amamentar?
– Não amamentei meu outro filho, portanto esse não conseguirei também?
– Será a “língua presa” a causa?
A avaliação e a orientação de um profissional são essenciais. Na imensa maioria dos casos, a amamentação é bem-sucedida, embora não seja garantida em 100%, pois é influenciada por vários fatores. Não se trata de ser uma mãe ruim caso não obtenha sucesso, mas é altamente recomendável tentar, porque os benefícios para você e seu bebê são significativos.