quinta-feira, 21 novembro, 2024
A crise de três gerações: (de novo) a obsoleta tecnologia!

Não obstante a evolução da tecnologia, ela tomou conta da sociedade a ponto de ampliar o nosso vocabulário e dividir gerações por meio de grupos etários que se classificam por meio de seus comportamentos, gostos, usos e até seus valores.
Parece-me que por um lado demasiadamente já discutimos e falamos sobre esse assunto que até certo ponto torna-se obsoleto. Por outro, a pandemia que ainda estamos vivendo trouxe a oportunidade de discussões, que mais uma vez, precisam deixar a superficialidade e atingir níveis mais profundos de reflexão e ação. São crianças, jovens, adultos e senhores que utilizam dia a dia os mais diversos recursos para se comunicar e para compartilhar, algumas vezes até colaborar, mas sem dúvida, na busca incessante de “fazer parte”, da então denominada “Geração Z”. Pra quê?
Essa briga entre duas gerações novas, com menos de 24 anos – milleniums e geração z, só torna ainda mais cringe (vergonhoso) a falta de responsabilidade com que nossas crianças e adolescentes – e até “os jovens adultos” estão crescendo. Embora sejam ultrapassados, são alguns comportamento dessa geração que ainda mantém as relações interpessoais – ou as verdadeiras conexões – no “top das paradas”.
Fato é que as três gerações convivem nos mais diversos lugares, e é mais uma vez nas redes sociais que, agora os “Zs”, crescidinhos, habitam os mesmos espaços das outras duas gerações. E é aí, no meio dessa grande confusão que se tomam más decisões. Na tentativa de serem mais moderninhos, família e escola se perdem ao permitir em vez de persuadir. O paradoxo é tamanho que como pode ser “atrasada” a geração que deve servir de exemplo para aquela que educa aqueles que fazem o que querem?
Ser millennium significa, na verdade, ter “vivido” a transformação do mundo sem internet para um mundo “googlelizado”, mas não se sabe qual é o resultado de tamanha transformação. Aí, chega a geração Z que nasce com a ideia de “controle na palma das mãos”, em que distância diminui com um “toque na tela” em uma sociedade fragilizada pela falta de percepção: estamos ensinando antes de aprendermos, estamos corrigindo enquanto erramos, estamos apresentando antes de conhecermos. O problema de tudo isso, é a crise na educação. Com medo de serem tradicionais de mais, as famílias apostam na permissividade e pouco a pouco distanciam-se de seus filhos para que eles sejam cools e estejam de acordo com os trends do momento.
Não é mais sobre o que, não é mais sobre poder ou não poder, deixar ou não deixar. Não podemos mudar os valores, mas precisamos rever as regras. Precisamos evoluir na decisão do “o que” e dialogar mais sobre “o como” – como usar todas essas tecnologias a nosso favor – e qual favor? Como elas podem otimizar nosso dia a dia, o nosso trabalho, o trabalho do professor, otimizar o registro do aluno da escola, facilitar a lição de casa, o acompanhamento do aluno pela família e promover relações no jantar de domingo à noite? Não deveria ser objetivo e desejo humano “otimizar” para que tenhamos mais tempo para fazer o que realmente importa? E o que importa? Mais tempo de lazer, mais tempo com aqueles que gostamos, mais tempo para estarmos juntos e sermos humanos?
A evolução da tecnologia não significa a evolução da humanidade. Equipamentos mais modernos não significam que os resultados são usados apropriadamente, e a favor da gente. Não é mais sobre deixar ou não usar o celular na escola, sobre usar ou não nos restaurantes, sobre usar ou não antes de dormir. Precisamos usar nosso tempo e dialogar, seja até pela redes, sobre como usar esses equipamentos e recursos para se construir responsabilidade, desenvolver nossas próprias potencialidades e, principalmente, como construir um mundo melhor, no qual os “tais comportamentos” vergonhosos de uma geração que construiu história, possam ser resgatados e não se pareça obsoleto sentar, conversar e, também, tomar um boa xícara de café.
Nos distanciamos cada vez mais uns dos outros e é esse o resultado dessa metamorfose, que ao final deve valorizar ainda mais o que sempre deveria atravessar qualquer geração – o nosso poder, de verdade, de ter a vida nas próprias mãos.

Richard Debre, professor, educador, empresário, consultor, sonhador.

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