quinta-feira, 21 novembro, 2024
Soli Deo Gloria

Em 2018, o rapper Snoop Dogg recebeu uma estrela com seu nome na Calçada da Fama em Los Angeles, um prêmio por seu desempenho artístico como cantor de rap. Em seu discurso de agradecimento a varias pessoas, como é usual, teve seu final de uma forma surpreendente: ”Por fim, quero ainda agradecer a mim mesmo: pelo fato de sempre ter acreditado em mim, por ter trabalhado intensamente, por nunca ter tirado tempo para lazer, por nunca ter desistido. Quero agradecer a mim por sempre ser um doador, tentando dar mais do que recebo. Quero agradecer-me por tentar acertar mais do que errar. Quero agradecer-me por eu ser apenas eu mesmo”.
Segundo escreve Timo Holsmann, esse discurso viralizou nas redes sociais como modelo de egolatria. Muitas pessoas seguindo esse mau exemplo de autodeificação publicaram vídeos em que agradeciam a si mesmas pelo seu sucesso. Egolatria tornou-se uma virtude moderna, um sentimento exaltado de amor a si mesmo na busca da autoglorificação: SOLI EGO GLORIA (latim, “glória apenas a mim”) em vez de SOLI DEO GLORIA (“glória apenas a Deus”).
Em Isaias 42: 8 Deus, em referência a si mesmo, diz: “Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra às imagens de escultura”. O rei Herodes Agripa reinou sobre a Judeia e Samaria no início da era cristã; zeloso na prática dos rituais judaicos assumiu o encargo de perseguir e matar os líderes das primeiras igrejas. Tiago foi o primeiro mártir morto à espada. Pedro foi preso, porém foi libertado milagrosamente por um anjo no cárcere.
Então, o rei desceu para Cesareia, onde teve um encontro para harmonizar uma divergência dele com os moradores de Tiro e de Sidon. Em dia designado, Herodes Agripa, vestido de trajo real, assentado no trono, dirigiu-lhes a palavra; e o povo para agradar o rei clamava: “É voz de um deus, e não de homem!” No mesmo instante um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e comido de vermes, expirou.
Josefo, historiador da época, relata que Herodes adoeceu subitamente durante seu discurso e, depois de cinco dias de sofrimento, morreu (44 A. D.). Atos 12: 20 – 23. “Soli Ego Gloria” é mortal, no caso de Herodes Agripa foi súbito, mas nem sempre acontece assim, mas quem assim procede fere o relacionamento com Deus e está sujeito a julgamento no tribunal divino. Temos duas alternativas: ou damos glória somente a Deus, ou a nós mesmos; a segunda opção além de causar vexame, é pecado. E qual é o salário do pecado? A morte.
O Breve Catecismo de Westminster nos faz a primeira pergunta: Qual é o fim principal do homem? O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre. Há uma luta constante do “mais” egoísta do homem com o “necessário e suficiente” que Deus nos dá para o nosso viver diário. Deus na medida certa, dá a cada um de nós a “estima”, isto é, o amor necessário por nós mesmos e que deve ser compartilhado, em igualdade de sentimento, com nosso semelhante, ou seja, por em prática aquilo que Jesus ordenou: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Esse amor é suficiente, nem mais nem menos, é possível e é necessário para cumprir essa ordenança divina.
Deus não está mandando você amar mais a si mesmo do que ao próximo, nem ao próximo mais do que a si mesmo. Saindo do padrão divino que é a “estima”, a psicologia humanista ensina que a pessoa deve se amar mais do que a medida estabelecida por Deus, e chamou isso de “autoestima”.
Toda sabedoria humana contrária a Sua vontade Deus chama de loucura, assim como para o homem natural a sabedoria de Deus é loucura. Infelizmente este “outro evangelho”, a autoestima, está sendo pregado no púlpito de muitas igrejas cristãs fazendo muitos dos seus membros ou frequentadores a rebaixar o SOLI DEO GLORIA para exaltar o SOLI EGO GLORIA. O lema de todo ser humano deveria ser sempre SOLI DEO GLORIA, afinal, foi Ele que nos criou e é das Suas Mãos que recebemos todas as coisas, inclusive a vida.

Dr. Mauro Jordão é médico ginecologista.

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