Nos anos cinquenta, os Estados Unidos foram varridos por uma onda de histerialiderada por Joseph McCarthy, senador republicano, que via atitude comunista em eventos e condutas pessoais que poderiam estar minando a democracia americana. A patrulha anticomunista levou a julgamentos apressados pessoas inocentes a prisão e a tortura, cerceando a liberdade de expressão política, religiosa e familiar. Os acontecimentos atuais demonstram, também, uma radicalização prejudicial a suscitar mais intolerância do que tolerância com aqueles que não aceitam esse matiz de comportamento introduzido na escola, na família e na sociedade por opressão dessa malfadada psicologia humanista de conduta.
O ator Morgan Freeman correu mundo atrás das crenças dos seres humanos para realizar o documentário “The Story of Us”, a sua estreia aconteceu no canal National Geographic da TV paga. Ele busca respostas sobre temas como liberdade, paz, amor e poder. A ideia é mostrar que mais coisas nos aproximam do que nos separam, apesar do clima polarizado, de “nós” contra “eles”, no mundo de hoje. Em entrevista ele diz: “Não deveríamos ter medo uns dos outros, e sim aceitar uns aos outros. A gente mostra diversos grupos, e a as pessoas podem ver que não somos tão diferentes assim.
Todos nós estamos procurando as mesmas coisas, apesar das diferenças. Uma das coisas mais importantes para o cérebro humano é o conhecimento. Se eu te conheço, torna-se mais difícil não gostar de você.” Conhecer de fato exige a aproximação que leva a intimidade.
A intimidade é selada quando com afeto tocamos com as mãos o corpo de alguém. O sentimento de alguém nunca deveria ser bloqueado pela censura moralista hipócrita que visa desfazer o desejo de abraçar ou beijar, com respeito, a pessoa a quem se ama e que permite essa proximidade. Isso significa compartilhar a alegria de viver com afetividade nos tocando mutuamente no lar, no trabalho, na sociedade e na igreja, onde nos acostumamos a chamar uns aos outros de “irmãos”.
No berçário de muitas maternidades observou-se que colocando na mesma incubadora, onde se acha um recém-nascido com dificuldade respiratória, uma criança que está bem, o contato tátil de ambas favorece de modo mais rápido a normalização da ventilação pulmonar do bebê comprometido. De um modo poético alguém disse: “Tocamos o céu quando colocamos as nossas mãos num corpo humano”.
A pele é o maior órgão do corpo em sua extensão de 1,5 a 2 m2 que nos veste e nos reveste de proteção e de sensação de prazer, dor, frio e calor pelo tato; essas emoções são transmitidas através da rica rede de inervação e vascular cutânea aos 100 bilhões de neurônios no cérebro que se comunicam pelas suas sinapses. Também, é no contato da pele que expressamos sentimentos de amor, simpatia, acolhimento e segurança.
Davi escreveu no Salmo 131:2 “Fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe…” Com essas palavras Davi nos diz que não devemos nos aninhar nos braços de Deus apenas em busca de alimento e bens materiais, mas como uma criança desmamada que procura o prazer de sentir-se envolvida pelos braços de amor do Pai. Nada melhor para nós que vivemos num mundo tão hostil, guiado pelas rédeas do ódio, ter essa paz e segurança.
Quando em espírito tocamos Deus, sentimos, também, o prazer de nos aproximar e não de nos distanciar do próximo, tocando com amor a sua pele num abraço ou num aperto de mão. Garanto que fazendo assim seremos mais saudáveis sobre a face da terra porque teremos vida, e vida em abundância. Somos mais de 5 bilhões de pessoas conectadas à rede da internet, e por causa dessa vivência demasiada com a imagem e com o som nos tornamos virtuais demais, perdemos com isso o sabor de nos comunicar de perto pela fala e pelo toque da pele humana. Há o risco de sermos transformados em “robôs” sem emoção. É proibido proibir o ser humano de tocar o seu semelhante.