Não é à toa que a entrada da nossa cidade é marcada pela estátua de um bandeirante. Historicamente, Mogi das Cruzes começou a crescer e a se desenvolver como um ponto de repouso para os bandeirantes, como Braz Cubas, que havia se desbravado nas matas do território mogiano. O povoado que viria formar eventualmente a cidade foi oficializado em 1 de setembro de 1611, por Gaspar Vaz Guedes, responsável por abrir o primeiro caminho de acesso de São Paulo até Mogi. Ao mesmo tempo que formava-se uma cidade, constituía-se uma comunidade, desenvolvia-se uma cultura e todas as relações que nos trouxeram até aqui.
Mogi das Cruzes é uma das cidades mais antigas do Brasil, e a experiência e a visibilidade da cidade para nós mesmos e para os outros são resultado da nossa interação com ela, com os prédios, com os estabelecimentos, com as ruas, com as praças, com tudo aquilo que oferece. É uma relação mútua e interdependente, que resulta não somente do poder público, mas também e, principalmente, da forma como usamos cada espaço e cada serviço e das relações que estabelecemos com o que a cidade tem ou não a dispor.
Sem dúvida nenhuma o poder público desempenha um papel fundamental na construção da cidade, já que é ele o responsável por administrar o município em suas múltiplas esferas e custear serviços e políticas essenciais para a vida de todos os cidadãos. Mas, deixemos aqui um pouco de lado questões políticas e tentemos refletir sobre nossas responsabilidades e participação.
Tão importante quanto olhar para o espaço físico, a construção dessa relação envolve diretamente as pessoas à medida que as experiências revelam-se nos espaços e são frutos da convivência entre as pessoas que ali estão, despertando sentimentos em toda uma comunidade, que atua ou participa indiretamente de todas dinâmicas e situações.
Ao passo que usamos o espaço e construímos uma relação com ele, representado pelas pessoas que estão ali, essas experiências passam a ser boas ou ruins e a cidade vai construindo um repertório, uma notoriedade, e exerce uma expectativa sobre cada um de nós.
Qual a imagem elaborada de Mogi das Cruzes para cada um que vive aqui? As cidades caracterizam-se como um espaço social, de apropriação e desenvolvimento de cultura, de legado e história. Cidades educam, e esse exercício pode ser ao acaso ou deliberadamente um objetivo de todos nós. De acordo com a Associação Internacional das Cidades Educadoras, as cidades são educativas por si, mas elas se tornam educadoras quando assumem essa intenção “consciente de que suas propostas têm consequências em atitudes e convivências e geram novos valores, conhecimentos e habilidades”. Ao mesmo tempo que dependemos da cidade, a cidade depende de nós.
Esse compromisso mútuo necessita da nossa participação direta, que revela a complexidade do papel do cidadão que ao mesmo tempo consolida-se como um agente educativo, mas principalmente como o preâmbulo capaz de potencializar fatores de profundas transformações.
O aniversário de Mogi, dentro dessa perspetiva, é também o nosso. Quais relações e conquistas, quais conhecimentos e habilidades desenvolvemos nesse último ano permeado pela relação de cada um de nós e entre nós, com o público ou o privado, com a nossa cidade?
Parabéns para todos, e para Mogi das Cruzes, também!