Quem nunca, não é mesmo? O ciúme, sentimento tão acusado de destruir relações, é na verdade uma emoção universal, encontrada em pessoas de diferentes idades, culturas, etnias, classes sociais e, até em animais. É tão normal quanto sentir medo, vergonha, ansiedade e amor. Todo mundo sente. A grande questão é o que fazemos com o que sentimos.
Ciúme é sinônimo de relacionamentos intensos. Raramente sentimos ciúme quando estamos numa relação superficial. E isso é válido para relacionamentos entre casais, irmãos, amigos, colegas de trabalho. É uma combinação entre amor e medo, medo de perder a importância.
Historicamente, o ciúme vem de duas teorias evolutivas. A primeira delas é a teoria do investimento parental, ou seja, acredita-se que as pessoas se comprometem mais com aqueles com quem compartilham algum laço familiar de cuidado. Temos mais probabilidade, segundo estudos, de proteger e apoiar pessoas mais próximas, no geral, parentes próximos. Segundo essa teoria, homens e mulheres se tornam ciumentos quando seu investimento genético é ameaçado.
As pesquisas que se apoiam nessa teoria, mostram que homens sentem mais ciúmes quando a infidelidade sexual (ciúme sexual) é percebida, colocando em risco a questão da paternidade. Já as mulheres têm maior probabilidade de sentir ciúmes quando percebem proximidade ou envolvimento emocional do parceiro (a), isso porque ela sugere que o cuidado e proteção serão dados a outra pessoa (ciúme de vínculo). A segunda teoria diz respeito a competição por recursos, mais frequente entre irmãos e crianças pequenas. Eles tendem a competir quando o outro coloca em risco o alimento e a proteção que os pais ou cuidadores normalmente lhes confere. O ciúme, portanto, está na nossa constituição, assim como outras emoções. A questão está entre sentir ciúme e agir com base no ciúme. E reconhecer isso é o primeiro passo para aprender a lidar com esse sentimento.