Desde pequeninos ouvimos frases que “o trabalho é o que dignifica o homem”, e a própria Bíblia sagrada ensina: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado …” Gn 3:19, ainda, “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio.” Pv 6:6, e mais, “Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem.” Sl 128:2, e quando contemplamos a vida como um todo, e a nossa organização social, creio que ninguém fica em dúvida de que deve trabalhar para subsistir, sendo que, também, não há pecado algum em desejar prosperar e até em se tornar rico. Ocorre que o homem pode incorrer em dois extremos muito perigosos: o exagero no trabalho e a comodidade, e por que não dizer, preguiça? Nos tempos hodiernos identificamos bem os dois extremos.
Tratemos da comodidade: vários sistemas governamentais e sociais ao longo do mundo pretendem assistir ao necessitado e dar-lhe condições mínimas de subsistência e é com esses recursos que muitos se contentam e ficam inertes, mesmo tendo plenas condições de exercer a atividade laboral, antes disso, estudar para conhecer e aplicar o conhecimento para lograr êxito em profissões promissoras e bem remuneradas. Mesmo os que não possuem instrução podem-se tornar bons profissionais em áreas que não exigem formação específica, mas que remuneram bem pelo serviço prestado, especialmente, se o ofício for bem desenvolvido. Esses não vivem encostados em planos assistencialistas e nem em ações de ONGs, os quais muitas vezes, incentivam o ócio, se não houver um controle e uma triagem adequados. Portanto, não se deve ceder à preguiça e nem ser oportunista para se prevalecer de ajuda de terceiros para se manter e à família, mas, sim, dedicar-se a um trabalho digno que traga sustento pleno ao lar.
No outro extremo disto tudo temos os “workaholics” que colocam o trabalho em primeiro lugar em suas vidas, relegando a planos inferiores, seu Deus, sua família, seus amigos, enfim, as prioridades que deveriam ter. Alguns lançam-se na práxis corporativa atual que lhes exige até o sumo, trabalhando, por vezes, quinze e até vinte horas por dia. Ganham dinheiro? Sem dúvida, mas a um custo que pode-lhes ser fatal em relação à vida plena, pois abdicam dos relacionamentos, das interações humanas, daquilo que lhes é mais precioso, em favor da ânsia pelo dinheiro e poder.
Precisamos encontrar um meio-termo, algo consistente e justo: atender à orientação escriturística que nos empurra para o labor, mas lembrando-nos de que essa mesma nos instrui a termos equilíbrio em nossas atividades, enfim, nem nos lançarmos ao muito ócio, nem tampouco ao trabalho excessivo.